Há dois modelos antagônicos de esportes: o de competição, de espetáculo e o de lazer, de participação. O primeiro almeja o máximo de resultados, poucos têm acesso, e o envolvimento vincula-se às idéias de premiação e de prestígio pessoal, reproduzindo a sociedade de consumo. Já o esporte de lazer traz a marca do prazer pela prática da atividade em si, a inclusão das pessoas, sem distinção de qualquer tipo e a possibilidade de expressão pela diversidade de formas, por isso vincula-se aos princípios da sociedade solidária.
O poder público municipal pode e deve colocar à disposição a sua capacidade de intervenção política e de relação com as forças produtivas e institucionais para carrear recursos aos eventos esportivos, desde que com critérios claros.
Os recursos públicos, escassos, precisam ser direcionados para aqueles esportes que historicamente foram ignorados – esportes de lazer, de participação – pois não exigem infra-estrutura sofisticada, promovem o surgimento de novos agentes sociais e estabelecem um processo dinâmico de reterritorialização.
No Brasil, o maior aporte de recursos públicos vai para o patrocínio de eventos esportivos “de espetáculo” e para atletas, individualmente, quando o correto seria patrocinar o conjunto da população, por meio do “esporte de lazer”, deixando para a iniciativa privada o patrocínio dos primeiros.
Em SM não tem sido diferente, como no Circuito de Vôlei de Praia, no Campeonato de futebol sub-20 e, agora, no Festival de Balonismo, organizados pela administração municipal.
Quanto dinheiro público foi gasto para a realização de tais eventos? O poder público municipal, em alguns, diz ter “custo zero”. Mas quem pagou os funcionários municipais que trabalharam no evento? E as equipes de limpeza? E as máquinas para a infra-estrutura? Por óbvio houve recursos do governo federal, o que também é dinheiro público. Qual o valor da verba e em que foi gasto?
Consta que a CORSAN também foi promotora do Festival de Balonismo. Qual o valor investido? Logo ela, que tanto tem deixado a desejar no serviço que presta em SM !
Enquanto não tivermos a prestação de contas, podemos fazer qualquer tipo de juízo, inclusive que os únicos que tiveram “custo zero” foram os praticantes do balonismo. Se isto for verdade, trata-se de uma grande injustiça. Primeiro, porque quem pratica este esporte caro pode prescindir de recursos públicos, inexistentes para a saúde, educação, segurança, etc. Segundo, porque nas proximidades de onde se realizou o Festival não existe um único espaço público para prática de qualquer esporte. Quem quiser jogar futebol, só nos espaços privados e aí o custo não é zero.
Por fim, causa estranheza que o Festival de Balonismo tenha ocorrido em março e não em maio, como deveria, em face do aniversário de SM. Consta que o evento foi antecipado para que o Secretário Municipal Tubias Calil pudesse “aparecer”, já que o mesmo deverá deixar o cargo até 03 de abril, por conta das eleições. Se verdadeiro, tal evento se prestou à promoção pessoal e aí o vento se encarregou de tirar o brilho. Perde SM, perde a política e perdemos todos nós. Uma pena!
Sandra Feltrin – Advogada e Presidente do PSOL/SM
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