Ontem à tarde, em Julio de Castilhos, Plínio de Arruda Sampaio se emocionou e emocionou a todos os presentes, assentados da fazenda Alvorada, estudantes, acampados, crianças, homens e mulheres. Ao discorrer sobre a Reforma Agrária, Plínio relembrou que, como deputado federal, foi relator do primeiro Plano Nacional de Reforma Agrária, em 1962, durante o governo de João Goulart. Mais recentemente, em 2002, foi chamado pelo governo Lula para elaborar um Plano Nacional de Reforma Agrária, onde previa o assentamento de 1 milhão de famílias nos primeiros quatro anos de governo Lula. Infelizmente, disse ele, nenhum destes planos prosperou; ao contrário, retrocedemos. Plínio lembrou que em uma de suas conversas com João Goulart, o então Presidente da República expressava que o governo não deveria se preocupar em acionar toda a estrutura governamental e judiciária para a desapropriação de fazendas com menos de 500 hectares, mas aquelas acima disso deveriam sim ser desapropriadas, independentemente de serem ou não produtivas. Hoje, o projeto de lei de iniciativa popular subscrito pela CNBB e movimentos sociais prevê que a Constituição Federal seja emendada para limitar a propriedade em mil hectares. Portanto, concluiu ele, retrocedemos.
Relatou que em recente entrevista dada sobre a ação do MST na ocupação da Fazenda Cutrale, em SP, determinado jornalista, em tom grave, lhe indagou sobre a violência do MST na referida ação, lamentando os 7 mil pés de laranjas cortados pelo movimento. Plínio, em tom mais grave ainda, respondeu ao repórter que, de fato, o MST se equivocou com a ação na referida fazenda, pois deveria ter derrubado 70 mil pés e não 7 mil, porque aqueles que lamentam o fato são hipócritas, se preocupam com pés de laranjas e não com as cem mil famílias que estão nas estradas da região lutando por terra. São os mesmos que ignoram a morte por fome dos índios Guaranis no Mato Grosso. A moral do sistema capitalista é a moral dos hipócritas.
Outro momento forte foi a declaração de que tem plena consciência de está vivendo o “outono” de sua vida e está convidando todos a continuarem a luta pela Reforma Agrária. Disse ele que a reforma agrária não está vinculada à produção, mas a distribuição da riqueza no país. Ele não verá a efetivação da reforma agrária, mas as crianças do acampamento à beira da BR 158 viverão essa realidade. Por isso, guerrear de forma constante para vencer a última e grande batalha deve ser o caminho a ser trilhado por todos nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário